segunda-feira, outubro 02, 2006

Recado (dos olhos)

Menina ou mulher,
é sincero,
de quem quer,
que seja,
o olhar.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Descoberta (numa noite em Sampa)

Menino do Rio,
de praia não!
(E a do amor de Deus, então?
Pelo amor de Deus!)

Compõe
poesia
recita
harmoniza
(en)canta
com sabor de salsa
e outros temperos
Latinos
(menos bundaleles)

E num quase-fechando
de cerveja
os olhinhos esverdeados
por trás das lentes,
exalta a breguice
que “não tem jeito”
do sentimento mais puro!

Assim, então,
foi que percebi
um Jardim Pessoa,
antes apenas na ponta de lá
desses quilômetros
de sinais elétricos,
simpático
ainda que famoso,
feito de carne e
osso e
coração!


Ai... tomei coragem... Eis minha singela homenagem a este querido amigo-poeta

quarta-feira, agosto 30, 2006

O Sorriso

giro horário de 90º em uma imagem de: http://www.ngc7000.org/photo/photo.html


Ah! bela lua no
céu noturno crescendo
imitando zombeteiros
lábios divinos!

domingo, agosto 20, 2006

Somente

Minha vida são
Estas invenções pobres
Sem qualquer patente
Que ninguém compra
E nada mais.

(Só isso, assim...)

Desta confusa mente
Que sonha em ser louca
E nada mais.

(Só mente...)

Pois que a loucura,
Essa doce estranha,
Deve ser da genialidade
A irmã gêmea.

domingo, agosto 06, 2006

O derradeiro

Estava sentindo uma dor de dente intensamente boa! Não que eu goste de dor de dente. Não sou masoquista não. Mas era muito boa aquela dor de dente que eu sentia! Aí resolvi visitar meu dentista. Depois de muito examinar ele decidiu: Você vai ter que extrair seus sisos. Quais, doutor? Todos os que lhe restam. Eu não queria, porque só tinha um e dá dó extrair o último dente do siso. Fiquei de pensar.

A dor aumentava e aumentava exponencialmente com o passar do tempo e então resolvi seguir o conselho do meu dentista. Mas não fui visitá-lo. Tentei eu mesma fazer o serviço com a ajuda de um amigo do dentista, que por coincidência também estava com dor de dente do siso. Abri a boca para o espelho para me despedir. E apontei: é aquele ali. O amigo do dentista laçou o dente supostamente culpado com um pedaço comprido de fio dental. E, é claro, para retribuir o favor, também lacei o siso dele. E então, segurando as duas pontas do fio sabor hortelã que roçavam meu queixo, puxei. Senti uma outra dorzinha muito boa. Puxei e puxei e puxei. Tchuc! Consegui! Nem saiu muito sangue, mas fiquei um pouco triste porque meu último siso tinha ido embora... E foi-se pelo ralo... E a história se repetiu para o amigo do dentista ao mesmo tempo.

Naquele dia não senti mais dor, só aquela tristeza do vazio que ficara no fundo da minha boca. E um nó na garganta. Mas a partir do dia seguinte a dor voltou. E agora está tão intensa que não sei o que fazer, porque nem tenho outro siso para arrancar. Se bem que andei sentindo uma coisa esquisita na gengiva. Acho que está nascendo outro.


Jardim tinha razão! Essa internet inspira...! Desta vez, foi culpa da czarina. Escrevi isto pouco depois de ter lido este belo texto. Ah, me desculpem novamente a ousadia, mas não posso contra minhas insanidades que me fazem achar que posso atingir esses altos degraus...

Imagem: "The Dentist" - Salvador Dali

segunda-feira, julho 31, 2006

Chorinho

Naquela noite fria
Enquanto o céu ensaiava um choro
De meus olhos chovia

quinta-feira, julho 27, 2006

Planta do pé

Às vezes,
bem às vezes,
dá fruto
aqui neste pé
da planta que arde.
Mas sempre tem bicho...
Fora o quebra-quebra
quebra-galho.
Aí vem a foice.
É poda!

É que fizeram o favor
de me plantar o pé
neste solo triste.

quinta-feira, julho 20, 2006

Filiação

Somos os filhos
reféns
da Mãe Terra e
do Pai Chão

Um dia ele nos mata
No outro ela nos come

É um come chão...
É um terra moto...


Seria uma tentativa de Múcio Góes? Ô pretensão...!

E como manter os pés nos pais e não metê-los pelas mãos?

terça-feira, julho 18, 2006

Self-service

Se ver sons
Em versos
É o inverso
De ser servo,
Sente o verbo
E sem vergonha
Sinta
Sorva
Sirva-se!

domingo, julho 16, 2006

Friozinho

É esse vento gelado
dos pólos
o culpado.
Assim não posso
manter a barriga
quentinha.

sexta-feira, julho 14, 2006

Produto de insônia II

É duro!
O que é bom
Não dura ou
Não pode.
Pode?

(In)Sônia III

Recomendo leia (In)Sônia e (In)Sônia II

Nix e Hipnos - "Night and Sleep" - Evelyn de Morgan



E vêm novamente
As vozes vilãs
Ecoar no quarto
Da mente de Sônia:
Senhora ora ora!
Já são duas horas oras oras!

Assustada, com a
Pulsação acelerada,
Sônia se esforça
Em salvar seu sono
Sem sucesso

Porque as forças repulsivas
São mais fortes que
A vontade de dormir
E os cílios de cima
Tentam alcançar as sobrancelhas

E Sônia reflete,
Iluminada pela luz noturna
Entrando pela
Frestinha da janela:
A culpa é sua!

São seus amiguinhos
Bichinhos saltitantes malvados
Que carregam este fardo
Seguindo sempre morrendo de rir

E o colchão deformado
E o lençol amassado
E o travesseiro ensebado
De idéias conduzidas
Pelo suor da testa
Já não agüentam mais

Mas a agonia termina
Quando começa o dia
Com o despertador e os raios de sol
Fazendo, gentilmente, Sônia
Sorrir de satisfação

quarta-feira, julho 12, 2006

Por-que ficou

Já não me pergunto mais:
Por que nosso carro
viajando pela rua
não ultrapassa a lua?

Nem questiono:
Como pode o bom velhinho
visitar toda criançada
em única madrugada?

(Já não acho o mundo assim tão grande...)

Mas, felizmente, ainda guardo
fiapos das pelúcias dos ursinhos
grudados no céu da boca...

E as interrogações?
Há estas tantas que
permaneceram,
madureceram
dentro de mim criança
pedindo arrego,
rogando ao deus da dúvida,
de duvidosa existência,
que me conceda exclamações!

quarta-feira, junho 28, 2006

Tudo vejo

O meu direito de peixe morto.


Olha bem
pra mim!
Vê que estes meus
olhos de peixe
mortos
vivos
vêem mais do que
apresentam
poder
ver
haja vista que
são bem grandes
e sem defeitos!

Haja vista
para tanto ver!

Enxergo teus exageros,
teus desesperos e
todos teus segredos

Assisto atentamente
tua movimentação!

Nem penses em disfarçar,
que te observo!
Nem tentes me enganar,
que te percebo!
Não, não te escondas,
que te acho!

quinta-feira, junho 15, 2006

Sono

Será que todo o mundo está dormindo?
Luzes apagadas, olhos fechados,
Corpos esticados, mentes descansadas,
Corações lentos, almas distraídas...

Assim não se pode
Ver,
Agir,
Amar

Depois, o amanhecer
Leva o mundo às ruas
Com suas bengalas cegas
A golpear os meios-fios,
Os sapatos alheios e
Os lentos corações...

Mas deve haver um lado de lá do mundo
Em que os habitantes estão despertos
E espertos se percebem e
Se permitem acelerar os corações a
Tantas batidas quantas possíveis
Por minuto de vida

domingo, junho 11, 2006

Para saciar alguma sede


Remo! Porque você pediu.

quarta-feira, junho 07, 2006

Química

Fizeram mímicas
Havia química
E a física confundiu
As forças de sua natureza

A gravitacional lutou na separação dos corpos - antes unidos
Foram as cargas opostas traídas pela eletromagnética - antes fiel
E a fraca e a forte inverteram seus papéis - antes vividos
Lá, bem dentro dos núcleos

Porque as duras leis do universo - proibitivas
Trouxeram às partes o desafio:

Não...
...Gerar correntes contínuas...
... Produzir um trem de pulsos...
... Excitar estados quânticos...
... Entrar em ressonância...
... Viajar tal qual um fóton...
...Não

Assim, à razão foi dada razão
E restou o calor se dissipando
Reduzindo a energia cinética dos átomos do desejo
Que outrora forças outras provocaram


Para trazer um pouco de física para a poesia, já que há poesia na física. Por que não?

domingo, junho 04, 2006

Um post para agradecer

Enquanto as palavras não encontram seu lugar em um novo texto, venho postar um agradecimento aos caríssimos invisíveis aparecidos! Isso. Muito obrigada por pararem por aqui e doarem alguns de seus minutos entre leituras e tão preciosos comentários. Não sabem o bem que fazem à minha parte que é pedaço...! Aproveitando, vou publicar aqui o recado que meu primo Branco Lemos me deixou no Orkut depois que o convidei para ler Toque:

"Fui lá de novo.
Que belo ovo
Você botou dessa vez.
Nem sei como fez.
Mas posso dizer tranquilo,
Nunca ví aquilo
Até quando irá me surpreender?
Até das palavras eu me perder?
Rabisque suas qualidades,
Escreva as novidades.
Me conte dos dias
E das alergias.
Me mostre como se mostra,
Me faça perder a aposta..."


Um toque no coração de cada um!