Agora eu entendo...
É perceber o lugar vazio sob a mesa
a porta fechada às dezoito e trinta
o radinho de pilha emudecido de manhã
É a sensação da rotina mutilada
do espaço pelo agente
da constância dessas coisas
É fazer falta o bom conselho
a reprimenda merecida
e a proteção daquele abraço
É ter que saber, secada a fonte
consertar sem ferramentas
defender-se sem escudo
É sentir o coração pulsar incrédulo
toda vez que se introduz no ventre
a agulha da lembrança da partida
É ter em átimo de átimo amiúde
a consciência fugidia resgatando
encontros impossíveis futuros
É imaginar como seria se fosse
noutro dia, o que seria dito
ou quanto se riria
Agora eu entendo
esse tempo em que o baú
de certas memórias é aberto
só para consultas de vozes e
risos e atos, pois ali
não há mais espaço
para novas daquelas histórias
Agora eu entendo
porque vivo
o que quer dizer saudade
domingo, agosto 10, 2008
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