segunda-feira, julho 31, 2006

Chorinho

Naquela noite fria
Enquanto o céu ensaiava um choro
De meus olhos chovia

quinta-feira, julho 27, 2006

Planta do pé

Às vezes,
bem às vezes,
dá fruto
aqui neste pé
da planta que arde.
Mas sempre tem bicho...
Fora o quebra-quebra
quebra-galho.
Aí vem a foice.
É poda!

É que fizeram o favor
de me plantar o pé
neste solo triste.

quinta-feira, julho 20, 2006

Filiação

Somos os filhos
reféns
da Mãe Terra e
do Pai Chão

Um dia ele nos mata
No outro ela nos come

É um come chão...
É um terra moto...


Seria uma tentativa de Múcio Góes? Ô pretensão...!

E como manter os pés nos pais e não metê-los pelas mãos?

terça-feira, julho 18, 2006

Self-service

Se ver sons
Em versos
É o inverso
De ser servo,
Sente o verbo
E sem vergonha
Sinta
Sorva
Sirva-se!

domingo, julho 16, 2006

Friozinho

É esse vento gelado
dos pólos
o culpado.
Assim não posso
manter a barriga
quentinha.

sexta-feira, julho 14, 2006

Produto de insônia II

É duro!
O que é bom
Não dura ou
Não pode.
Pode?

(In)Sônia III

Recomendo leia (In)Sônia e (In)Sônia II

Nix e Hipnos - "Night and Sleep" - Evelyn de Morgan



E vêm novamente
As vozes vilãs
Ecoar no quarto
Da mente de Sônia:
Senhora ora ora!
Já são duas horas oras oras!

Assustada, com a
Pulsação acelerada,
Sônia se esforça
Em salvar seu sono
Sem sucesso

Porque as forças repulsivas
São mais fortes que
A vontade de dormir
E os cílios de cima
Tentam alcançar as sobrancelhas

E Sônia reflete,
Iluminada pela luz noturna
Entrando pela
Frestinha da janela:
A culpa é sua!

São seus amiguinhos
Bichinhos saltitantes malvados
Que carregam este fardo
Seguindo sempre morrendo de rir

E o colchão deformado
E o lençol amassado
E o travesseiro ensebado
De idéias conduzidas
Pelo suor da testa
Já não agüentam mais

Mas a agonia termina
Quando começa o dia
Com o despertador e os raios de sol
Fazendo, gentilmente, Sônia
Sorrir de satisfação

quarta-feira, julho 12, 2006

Por-que ficou

Já não me pergunto mais:
Por que nosso carro
viajando pela rua
não ultrapassa a lua?

Nem questiono:
Como pode o bom velhinho
visitar toda criançada
em única madrugada?

(Já não acho o mundo assim tão grande...)

Mas, felizmente, ainda guardo
fiapos das pelúcias dos ursinhos
grudados no céu da boca...

E as interrogações?
Há estas tantas que
permaneceram,
madureceram
dentro de mim criança
pedindo arrego,
rogando ao deus da dúvida,
de duvidosa existência,
que me conceda exclamações!