sexta-feira, janeiro 01, 2010

Poema para abrir o ano

A superstições, não sou pessoa dada.
A inversão no verso acima, não foi feita
para não começar o poema com não.
É apenas uma pretensão de estilo.
O primeiro pé que pouso no chão
não é o esquerdo porque o lado esquerdo
da minha cama – para quem se deita nela –
fica encostado na parede.
O trevo que carrego na carteira tem quatro folhas
não pela crença de que uma folha extra
poderá trazer-me mais valiosas folhas
mas porque admiro a simetria das coisas.
Na passagem do ano, meus desejos de amor
não são o motivo do rosa ou do vermelho
nas minhas roupas íntimas,
mas de palavras gestos cores que intimidem a falta de.
Digo-lhes, creiam-me: não é por superstição
que estes versos não foram feitos para fechar o ano,
mas para abrir o outro. Não porque eu pense que o novo ano
será cheio daquilo que eu fizer nas suas primeiras horas.
Estes versos foram feitos para abrir o ano, simplesmente
porque quero começar o ano com meus dedos letras
acarinhando meus amigos.