quinta-feira, novembro 24, 2011

Viver é uma tarde

Viver é uma tarde de olhos perdidos no cinza-azulado profundo do rio,

a umedecer as retinas com sua face, tão própria, texturizada por ventinhos

e vespertinos raios de sol.


Viver é uma tarde

a passear as narinas pelos aromas de verduras tão diversificadas,

a doar pensamentos aos sonhos deixados no frescor do gramado.


Viver é passar uma tarde inteira

a pensar a mesma tarde em um poema,

enquanto se decifra o que já foi escrito nas pétalas de uma flor bela.


Viver é uma tarde de estar,

vazia de desejos e ansiedades.


É uma tarde cheia de irrealidades...


...antes de se anoitecer


apenas


uma tarde.


Idealizado em uma tarde a contemplar o Tejo e a ler um conto de Florbela Espanca.

"Assim façamos nossa vida um dia/ Inscientes, Lídia, voluntariamente/ Que há noite antes e após/ O pouco que duramos" - Ricardo Reis (Odes)

segunda-feira, novembro 21, 2011

Quando não há sol,
não gosto assim tanto do sol
quanto gosto do anonimato.
Prefiro o céu baixo
de nuvens escuras
para um mundo mais pequeno.

Os operários do inconsciente
trabalham trabalham; produzem lentes
de ver do ângulo mais bonito das coisas.

Na hora da despedida,
a lágrima tempera o novo caminho
e lubrifica o ferrolho da janela.
E, de uma primeira tristeza,
o desejo de saudade no futuro.

quinta-feira, novembro 17, 2011

Folhas pelo chão.
Comboio dos hemisférios
leva-me ao verão


Haicai para marcar o regresso. Em regressiva contagem, esse é o dia dez.