quarta-feira, julho 29, 2009

Toada do desenlace

aqueles acordes
que não executei
acompanhavam meu réquiem

cada nota soada
era uma lágrima
dos que eu amava

as mãos cruzadas
sobre o ventre delatavam
o enjôo que escondia

e a cada nota que os molhava
e a cada lágrima que ouviam
os meus dedos se mexiam

Desculpe, esqueci que enjoo já não leva chapéu. Mas agora que lembrei, não quero tirar. Esse aí prefere ficar assim.

sábado, julho 25, 2009

Mergulho

Finquei-me no escafandro roto
de quereres impossíveis
com a saudade do que não tinha sido.

Fiquei em mim por dois minutos.
Dois minutos.
Os goles de cerveja
já não preenchem todos os vazios.
São muitos.
Queria ficar mais, mas não podia.

Findei mais dois goles.
Embebi-me de vazios.
Em apnéia, dois minutos.
Podia ficar mais, mas morreria.

quinta-feira, julho 23, 2009

Ciuminho

Sutil, mas lá.
Um alfinete em sua voz
ao falar com propriedade
sobre aquele que era dela.

segunda-feira, julho 13, 2009

Simbiose

mulos mijam nos muros
pra regar as trepadeiras

trepadeiras trepam faceiras
pra satisfazer os mulos


No dia do rock. Não tem nada a ver, mas e daí?

segunda-feira, julho 06, 2009

Uma visão

Vi um homem cantar os lindos.
Vi um homem beber os fortes.
Vi um homem comer os bons.
Vi um homem comer e cantar
e beber e sustentar os fracos,
abraçar os maus, admirar os feios.
Vi um homem plantar lírios e colher
girassóis e ofertá-los.
Vi um homem lavar bem os olhos
e olhar os outros,
preparar bem a boca
e beijar as outras.
Vi um homem amar mais do que tudo
o amor que não tinha nos homens.
Vi um homem.