Quando tudo se revela:
ela.
Nua de significados.
Lucidez de olhos
outrora cegados.
Vazio dentro do nada,
translucidez apagada.
Apenas monstrinhos feitos
de partículas subatômicas
randômicas
jogando em tabuleiro universo.
Escrito no verso,
a cada peça, um disparate:
uma paga com cheque,
outra toma seu mate,
quinta-feira, setembro 08, 2011
quinta-feira, julho 28, 2011
O dia mais feliz
Não sei dizer
o dia mais feliz da minha vida
tenho poucas lembranças
de grandes conquistas
O dia mais feliz da minha vida
pode ser hoje
hoje escuto vozes
e silêncios
hoje respiro ar
de pessoas
hoje sinto esse amor
me queimando a barriga
Não tenho grandes sonhos
para o dia mais feliz
Minha ambição
é que sempre me acorde
essa tormenta de amor
o dia mais feliz da minha vida
tenho poucas lembranças
de grandes conquistas
O dia mais feliz da minha vida
pode ser hoje
hoje escuto vozes
e silêncios
hoje respiro ar
de pessoas
hoje sinto esse amor
me queimando a barriga
Não tenho grandes sonhos
para o dia mais feliz
Minha ambição
é que sempre me acorde
essa tormenta de amor
quarta-feira, abril 20, 2011
terça-feira, março 29, 2011
O menino do olho torto
Na cidade dos olhos certos havia um menino de olho torto. Ele tinha o olho torto e todo mundo olhava torto para ele, assim, na maneira de dizer. Ninguém tinha coragem de olhar certo para ele porque não entendiam nunca o que ele estava olhando. A cabeça dele para frente e o olho torto para um lado. Às vezes para o outro. Às vezes para cima. Às vezes para baixo. Nunca para frente seguindo a orientação da cabeça.
Uma menininha que veio da cidade das mãos cheias com os pais, curiosa e corajosa, decidiu ir lá perto olhar certo para o menino de olho torto. Os pais tinham se mudado com a menininha porque achavam que ela sofria por ter as mãos vazias em uma cidade de mãos cheias. A menininha tinha as mãos vazias e foi lá, escondido dos pais, é claro. Ela olhou bem certo para o menino e viu dentro do olho dele uma vida inteira. Uma vida com parques e professores e pedais e olhos e formigas. Uma vida inteira dentro do olho torto foi o que a menininha viu. E com as mãos vazias ela tocou o olho torto do menino. Porque com as mãos vazias ela podia tocar tudo o que ela quisesse. E oferecer o que bem entendesse. E ela tocou o olho torto do menino e pôde sentir tudo o que ele via.
O menino ficou feliz porque pela primeira vez alguém olhava certo para ele. Ficou tão feliz que colocou seu olho torto nas mãos da menininha. E ela sentiu tão intensamente toda aquela vida que tinha dentro do olho. Toda aquela areia, aquelas asas, aquelas casas, aqueles montes, aquelas gentes. Ela não entendia como aquele olho torto podia ver uma vida tão inteira. Mas ela entendia o que precisava, que era o tamanho da vida em todos os seus sentidos. E de repente, ela ficou toda envergonhada. Primeiro, porque tendo os olhos certos nunca tinha visto uma vida inteira; segundo, porque estava segurando o olho torto do menino. E o devolveu a ele.
A menininha voltou correndo, com as mãos vazias como sempre, mas com o coração cheio cheio, para contar aos pais sobre a sua experiência, dizendo que de agora em diante ela queria ter o olho torto. Seus pais concordaram que ela só podia estar doente, coitadinha, e levaram-na para ser examinada por um doutor na cidade das cabeças boas.
Uma menininha que veio da cidade das mãos cheias com os pais, curiosa e corajosa, decidiu ir lá perto olhar certo para o menino de olho torto. Os pais tinham se mudado com a menininha porque achavam que ela sofria por ter as mãos vazias em uma cidade de mãos cheias. A menininha tinha as mãos vazias e foi lá, escondido dos pais, é claro. Ela olhou bem certo para o menino e viu dentro do olho dele uma vida inteira. Uma vida com parques e professores e pedais e olhos e formigas. Uma vida inteira dentro do olho torto foi o que a menininha viu. E com as mãos vazias ela tocou o olho torto do menino. Porque com as mãos vazias ela podia tocar tudo o que ela quisesse. E oferecer o que bem entendesse. E ela tocou o olho torto do menino e pôde sentir tudo o que ele via.
O menino ficou feliz porque pela primeira vez alguém olhava certo para ele. Ficou tão feliz que colocou seu olho torto nas mãos da menininha. E ela sentiu tão intensamente toda aquela vida que tinha dentro do olho. Toda aquela areia, aquelas asas, aquelas casas, aqueles montes, aquelas gentes. Ela não entendia como aquele olho torto podia ver uma vida tão inteira. Mas ela entendia o que precisava, que era o tamanho da vida em todos os seus sentidos. E de repente, ela ficou toda envergonhada. Primeiro, porque tendo os olhos certos nunca tinha visto uma vida inteira; segundo, porque estava segurando o olho torto do menino. E o devolveu a ele.
A menininha voltou correndo, com as mãos vazias como sempre, mas com o coração cheio cheio, para contar aos pais sobre a sua experiência, dizendo que de agora em diante ela queria ter o olho torto. Seus pais concordaram que ela só podia estar doente, coitadinha, e levaram-na para ser examinada por um doutor na cidade das cabeças boas.
segunda-feira, março 21, 2011
uma flor
uma flor
é carinho em pétalas
dar uma flor
é tocar alma com dedos
de seda
e um perfume
receber uma flor
faz ascender
ao significado de ser
por um instante
uma flor
é carinho em pétalas
dar uma flor
é tocar alma com dedos
de seda
e um perfume
receber uma flor
faz ascender
ao significado de ser
por um instante
uma flor
terça-feira, janeiro 25, 2011
Top 10 do adeus
Ouve minhas dez pedidas:
- não desperdices lágrimas
- sente sempre o derradeiro abraço
- não compres coroas pomposas
- ri dos tropeços dados com mãos unidas
- não te cubras de tules negros
- tem por certo que é culpa dos caminhos
- não queimes as fotografias
- lembra-te dos comuns segredos
- não consumas dor por analgésico
- escreve saudade em teus poemas
Último post meu no Blog de 7
- não desperdices lágrimas
- sente sempre o derradeiro abraço
- não compres coroas pomposas
- ri dos tropeços dados com mãos unidas
- não te cubras de tules negros
- tem por certo que é culpa dos caminhos
- não queimes as fotografias
- lembra-te dos comuns segredos
- não consumas dor por analgésico
- escreve saudade em teus poemas
Último post meu no Blog de 7
domingo, dezembro 19, 2010
quando sinto muito
o princípio é não levar as mãos ao rosto
durante o choro
covardia
é ter medo de anestesia
e se, de morrer, tens esperança
não usa o cinto de segurança!
durante o choro
covardia
é ter medo de anestesia
e se, de morrer, tens esperança
não usa o cinto de segurança!
terça-feira, novembro 23, 2010
terça-feira, setembro 21, 2010
terça-feira, agosto 24, 2010
Loquacidade II
Exercito a retórica nas folhas
de papel amassadas.
Minha eloquência é percebida no silêncio
das letras desenhadas.
Hoje é dia de B7C: Mágica
de papel amassadas.
Minha eloquência é percebida no silêncio
das letras desenhadas.
Hoje é dia de B7C: Mágica
terça-feira, julho 27, 2010
terça-feira, junho 08, 2010
terça-feira, maio 04, 2010
terça-feira, abril 13, 2010
I
Cala-se o grilo solitário
por falta de assunto.
A madrugada nem sempre faz barulho.
O brejo está distante;
os sapos, não se ouvem de aqui.
Passos no asfalto,
somente os das sombras notívagas;
os bêbados dormem sem roncar.
Hoje até o vento colabora com o silêncio
descobrindo o céu num sopro manso.
Hoje tem Blog de 7
por falta de assunto.
A madrugada nem sempre faz barulho.
O brejo está distante;
os sapos, não se ouvem de aqui.
Passos no asfalto,
somente os das sombras notívagas;
os bêbados dormem sem roncar.
Hoje até o vento colabora com o silêncio
descobrindo o céu num sopro manso.
Hoje tem Blog de 7
terça-feira, abril 06, 2010
Lida
Invariavelmente
todo santo dia
faço uma boa ação
exerço a cidadania:
durante o meu turno
dou todo o meu sangue
a um sedento vampiro diurno!
todo santo dia
faço uma boa ação
exerço a cidadania:
durante o meu turno
dou todo o meu sangue
a um sedento vampiro diurno!
terça-feira, março 23, 2010
História de um pescador
Tinha saído pra pescar
mas não levou arpão
anzol isca caniço
molinete linha nem rede
Primeiro molhou os pés
depois decidiu mergulhar
(a decepção)
Naquele dia
Omar estava mais para ostra
do que para peixe
mas não levou arpão
anzol isca caniço
molinete linha nem rede
Primeiro molhou os pés
depois decidiu mergulhar
(a decepção)
Naquele dia
Omar estava mais para ostra
do que para peixe
terça-feira, março 16, 2010
jogo de azar
deixo a vida à mercê de minha fortuna.
Não cuido do futuro...
as grades ficam destrancadas,
os pedais voam sozinhos
meus pés têm quereres que não são meus,
os giros são involuntários
assino acordos jogando dados,
meu próximo endereço nem existe
meu destino é não acreditar na minha sina
e contar sempre com a sorte
Nestes dias, tenho contado à sorte
sobre todos meus reveses
Não cuido do futuro...
as grades ficam destrancadas,
os pedais voam sozinhos
meus pés têm quereres que não são meus,
os giros são involuntários
assino acordos jogando dados,
meu próximo endereço nem existe
meu destino é não acreditar na minha sina
e contar sempre com a sorte
Nestes dias, tenho contado à sorte
sobre todos meus reveses
segunda-feira, fevereiro 01, 2010
Ester
As irmãzinhas
a vigiam das alturas.
Tremeluzem
vozes dizendo que a amam.
Piscam piscam
anos-luz de saudades.
Caída e solitária,
contempla a noite clara.
As irmãzinhas
lhe brilham as lágrimas.
a vigiam das alturas.
Tremeluzem
vozes dizendo que a amam.
Piscam piscam
anos-luz de saudades.
Caída e solitária,
contempla a noite clara.
As irmãzinhas
lhe brilham as lágrimas.
sexta-feira, janeiro 01, 2010
Poema para abrir o ano
A superstições, não sou pessoa dada.
A inversão no verso acima, não foi feita
para não começar o poema com não.
É apenas uma pretensão de estilo.
O primeiro pé que pouso no chão
não é o esquerdo porque o lado esquerdo
da minha cama – para quem se deita nela –
fica encostado na parede.
O trevo que carrego na carteira tem quatro folhas
não pela crença de que uma folha extra
poderá trazer-me mais valiosas folhas
mas porque admiro a simetria das coisas.
Na passagem do ano, meus desejos de amor
não são o motivo do rosa ou do vermelho
nas minhas roupas íntimas,
mas de palavras gestos cores que intimidem a falta de.
Digo-lhes, creiam-me: não é por superstição
que estes versos não foram feitos para fechar o ano,
mas para abrir o outro. Não porque eu pense que o novo ano
será cheio daquilo que eu fizer nas suas primeiras horas.
Estes versos foram feitos para abrir o ano, simplesmente
porque quero começar o ano com meus dedos letras
acarinhando meus amigos.
A inversão no verso acima, não foi feita
para não começar o poema com não.
É apenas uma pretensão de estilo.
O primeiro pé que pouso no chão
não é o esquerdo porque o lado esquerdo
da minha cama – para quem se deita nela –
fica encostado na parede.
O trevo que carrego na carteira tem quatro folhas
não pela crença de que uma folha extra
poderá trazer-me mais valiosas folhas
mas porque admiro a simetria das coisas.
Na passagem do ano, meus desejos de amor
não são o motivo do rosa ou do vermelho
nas minhas roupas íntimas,
mas de palavras gestos cores que intimidem a falta de.
Digo-lhes, creiam-me: não é por superstição
que estes versos não foram feitos para fechar o ano,
mas para abrir o outro. Não porque eu pense que o novo ano
será cheio daquilo que eu fizer nas suas primeiras horas.
Estes versos foram feitos para abrir o ano, simplesmente
porque quero começar o ano com meus dedos letras
acarinhando meus amigos.
segunda-feira, dezembro 28, 2009
Amigo poético - Blog de sete
Está rolando o Amigo Poético do Blog de sete!!! Hoje começou a entrega dos presentes! E eu fui a primeira a receber o meu!!! Eeeeee!!! Ganhei da amiga Joana Masen do Milonga! Muito obrigada, Joana! E o meu foi para a amiga Iara do Mulher na Janela. Maior responsa, morri de medo!
Aí estão os poemas. O que recebi e o que entreguei. Lá no Blog de sete tem mais e terá mais durante os próximos dias!!!
De Joana para mim:
"Ela – que é duas vezes uma"
Quis entoar cantigas de roda
como presente para uma amiga
oh!-culta, que dança pela brisa leve,
e inocente feito criança
vai tecendo suas palavras breves.
Quis rabiscar versos em prosa
para que ela pudesse voar
enquanto minhas rimas pobres,
linha a linha,
trazem luz a esse versar.
Ela tenta ser dois pedaços
duas partes inteiras, sem meias palavras
pensa ser um anjo torto ou triste
pensa...
mas que nada, é uma fração imensa
dos poemas que iluminam os dias.
De mim para Iara:
tudo é poesia!
automóveis flutuando no asfalto ar
meninos buscando bolas na miragem
raios de sol fazendo curvas no meio da rua
chapéus carregando bengalas dos avôs
anúncios de sorvetes nas buzinas
formigas derretidas de tanta dedicação
portas das esquinas gerando o pão.
é tudo poesia
para os olhos atentos
da Mulher na Janela.
Aí estão os poemas. O que recebi e o que entreguei. Lá no Blog de sete tem mais e terá mais durante os próximos dias!!!
De Joana para mim:
"Ela – que é duas vezes uma"
Quis entoar cantigas de roda
como presente para uma amiga
oh!-culta, que dança pela brisa leve,
e inocente feito criança
vai tecendo suas palavras breves.
Quis rabiscar versos em prosa
para que ela pudesse voar
enquanto minhas rimas pobres,
linha a linha,
trazem luz a esse versar.
Ela tenta ser dois pedaços
duas partes inteiras, sem meias palavras
pensa ser um anjo torto ou triste
pensa...
mas que nada, é uma fração imensa
dos poemas que iluminam os dias.
De mim para Iara:
tudo é poesia!
automóveis flutuando no asfalto ar
meninos buscando bolas na miragem
raios de sol fazendo curvas no meio da rua
chapéus carregando bengalas dos avôs
anúncios de sorvetes nas buzinas
formigas derretidas de tanta dedicação
portas das esquinas gerando o pão.
é tudo poesia
para os olhos atentos
da Mulher na Janela.
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