quarta-feira, setembro 02, 2009

Adorno

Passou distraído, tropeçou na flor, eu vi.
A coitadinha pendeu, mas voltou,
manteve-se no seu papel de enfeitar.
Passou de novo muito, muito concentrado em si.
Pisou, quebrou, uma pétala caiu, chorou.
Corri, cuidei, ergui.
Chamaram-no meus dedos cheios de formigas.
Dei-lhe minha flor cansada, doída,
que insistia no seu papel de enfeitar.
Enfeitou-lhe o rosto, fê-lo sorrir.

4 comentários:

Leandro Jardim disse...

será você a rosa de Drummond? vejo que estás bem semeada =]

sodades

beiJardins

Thales Capitani disse...

insistia no seu papel de nos fazer sorrir.


Singelo e muito, nuito bonito

Elcio disse...

Já dizia Fernando Pessoa:

"A delicadeza deve concluir-se, e não ver-se. (...) A grosseria só começa quando começa a delicadeza; e o impudor desde que o pudor exista."

Na delicadeza, a força.

É isso!

ítalo puccini disse...

sorrir às vezes conforta. e é o que basta. sendo sincero.

lindo!

beijo.