Vem, mãe, me aqueça sob suas asas perversas
E me deixe arrancar suas penas.
Ofereça-me seu seio para saciar minha sede
Com este leite ralo e podre.
Acaricie meus cabelos, mamãe,
Com estas mãos calejadas e opressoras.
Beije-me com seus lábios impuros e hipócritas,
Salive minha testa com este ácido altamente corrosivo.
Faça-me cócegas com seus cabelos embaraçados e insanos
E com eles envolva meu pescoço até me sufocar.
Abrace-me carinhosa e fortemente e quebre minhas costelas.
Vem, mãe, filha da mãe da sua filha!
Ensine-me o alfabeto, confunda-me com seus trocadilhos.
Enxugue meus suores e meus prazeres.
Abra as portas para mim, pois não alcanço a maçaneta;
Depois coloque as armadilhas.
Dê-me o carro dos sonhos e freie meus desejos.
Corte minhas unhas, arranhe meus sentimentos.
Lave meus ouvidos para que eu escute com clareza
Suas lindas palavras de afeto e todos os palavrões e obscenidades.
Peça que eu viva feliz e mate-me com a vida que me dá.
Venha, minha querida mamãe,
Sinta no seu traseiro toda minha força
Representada aqui pelos meus pés.
Amo você, mamãe!
(07/09/2001)
sábado, julho 23, 2005
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Um comentário:
Que lindo Elaine!que profundo!
parabens,nao conhecia esse lado seu de escrever tao bem,realemente e' maravilhoso.
Abracos
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