sábado, julho 23, 2005

Arte

Traço um traço. Faço um risco.
Risco um muro. O muro eu picho. Tinta e cera.
Dois riscos, uma via. Ando e ando e faço uma placa: Rua sem saída.
Abro um túnel, um ponto de luz. Desenho a tomada. Puxo o cabo.
Esboço a lanterna. Tiro as pilhas.
Faço um rio e uma ponte. Corto com um serrote.
Desenho um carro voador. Sobrevôo o longo do rio. Quebro as asas.
Faço a bóia. Furo-a. Seco a água.
Desenho a ampulheta. Toda a areia escoa.
Um deserto. Um camelo que empaca.
Sigo o sol. Faço a noite.
Um ano no oceano. Capitão, perco o leme.
Pego um remo e a bússola. Construo a pedra que leva o remo.
Entorto a agulha. Mal-me-quer, bem-me-quer.
Bem-me-quer, mal-me-quer com a Rosa-dos-Ventos.
No mesmo jardim planto uma árvore. Desenho notas musicais.
No ninho canta um passarinho. Faço um revólver. Assassino a caixa acústica.
Com a borracha quebro o muro.

E esta folha, se não rasgo, vem a traça e traça.

(28/07/2001)

4 comentários:

Anônimo disse...

wow!que bonito!
nem tenho palavras pra falar o quanto gostei.parabens.

beijos

Anônimo disse...

QUE LEGAL ELAINE!
ADOREI,EU NUNCA QUE IA CONSEGUIR
ESCREVER UM PARÁGRAFO SEQUER.
PARABÉNS!!!!
BEIJOS...
SOLANGE.

Anônimo disse...

Oi Elaine, fiquei imprecionado, você escreve muito bem, meus parabéns, estou ancioso para ler os outros textos, até.

Anônimo disse...

Puxa, realmente não conhecia essa tua veia artística. Parabéns!! Os textos são de fato muito bons e revelam um lado de sua personalidade que eu desconhecia. Continue escrevendo e nos mostrando um pouco mais de vc.
Beijos.
Emerson.