Faço de tudo um pouco
e se não faço,
cansa-me o ócio
Faço de tudo um pouco
coisas da eterna mania
de pequenez
Faço de tudo um pouco
mas é tudo tão pouco, tão pouco
que nunca termina,
tampouco completa
Achei este aí nos meus guardados...
Despretensão no Blog de 7!
terça-feira, dezembro 22, 2009
terça-feira, dezembro 15, 2009
passarinho
um pássaro pousou
no parapeito da janela.
fez piu-piu
fez piu-piu
e me espiou.
o passarinho
fez piu-piu
e bicou minha janela.
eu abri minha janela
e deixei pássaro entrar.
piu-piu!, ele me fez.
e voou voou voou...
flap flap flap flap
flap flap no meu quarto.
e se feriu
e me feriu
e saiu
pela janela cabisbaixo
deixando-me uma pena
e uma saudade imensa.
Hoje tem Blog de 7!
no parapeito da janela.
fez piu-piu
fez piu-piu
e me espiou.
o passarinho
fez piu-piu
e bicou minha janela.
eu abri minha janela
e deixei pássaro entrar.
piu-piu!, ele me fez.
e voou voou voou...
flap flap flap flap
flap flap no meu quarto.
e se feriu
e me feriu
e saiu
pela janela cabisbaixo
deixando-me uma pena
e uma saudade imensa.
Hoje tem Blog de 7!
terça-feira, dezembro 01, 2009
pusilanimidade
Uma lança no estômago
um javali pendurado na orelha
uma bola de ferro em cada pé
de uma borboletinha tonta
que só tem vontade de só voar
e pousar naquela flor azul.
Tem mais no Blog de 7 Cabeças
um javali pendurado na orelha
uma bola de ferro em cada pé
de uma borboletinha tonta
que só tem vontade de só voar
e pousar naquela flor azul.
Tem mais no Blog de 7 Cabeças
terça-feira, novembro 17, 2009
quarta-feira, novembro 11, 2009
Enxergando no apagão*
Tudo se apagou de repente.
Vimo-nos no meio da mais completa escuridão.
Não víamos mais nada.
Tínhamos a opção da vela ou da tela do celular.
Preferimos nos ver com as mãos.
*Porque temos que ver o lado luz do escuro e saber tirar proveito do absurdo...
E no Blog de 7 na última terça-feira: meus botões
Vimo-nos no meio da mais completa escuridão.
Não víamos mais nada.
Tínhamos a opção da vela ou da tela do celular.
Preferimos nos ver com as mãos.
*Porque temos que ver o lado luz do escuro e saber tirar proveito do absurdo...
E no Blog de 7 na última terça-feira: meus botões
segunda-feira, novembro 02, 2009
Dois de novembro
Dois de novembro, sempre penso em ti.
Penso em nossos tempos idos,
em como eu queria que tivessem sido.
Penso em quanto me aprazia o teu gosto,
em como tinhas um risinho no rosto.
Penso em quanto eu te amava,
em como me dizias algumas palavras.
Penso em nossos planos,
em quantos foram os desenganos.
Penso nas alegrias que me davas à vida,
em quanta dor me deixaste na tua ida.
Penso bem em tudo o que me foste.
Penso em ti, mas não te levo flores.
Todo dia dois de novembro é assim,
desde que, para mim, morreste.
Penso em nossos tempos idos,
em como eu queria que tivessem sido.
Penso em quanto me aprazia o teu gosto,
em como tinhas um risinho no rosto.
Penso em quanto eu te amava,
em como me dizias algumas palavras.
Penso em nossos planos,
em quantos foram os desenganos.
Penso nas alegrias que me davas à vida,
em quanta dor me deixaste na tua ida.
Penso bem em tudo o que me foste.
Penso em ti, mas não te levo flores.
Todo dia dois de novembro é assim,
desde que, para mim, morreste.
terça-feira, outubro 27, 2009
terça-feira, outubro 20, 2009
Sem planos
Não vejo outra coisa, amor, do nosso futuro:
morreremos.
Tudo o que me é escuro não é futuro, amor,
é o ir vivendo.
Coisa nova também no Blog de 7.
morreremos.
Tudo o que me é escuro não é futuro, amor,
é o ir vivendo.
Coisa nova também no Blog de 7.
terça-feira, outubro 13, 2009
Foi-se o tempo e eu fiquei. Para. Vazia.
Os meninos hoje só me chamam de tia.
Na crise dos 30. Completados hoje. Tem mais no Blog de 7.
Os meninos hoje só me chamam de tia.
Na crise dos 30. Completados hoje. Tem mais no Blog de 7.
sábado, outubro 10, 2009
Tempestade
Já não sentem minhas lágrimas
as terras encharcadas
onde cultivo tuas ausências.
Seguem-me sombrias nuvens
chove saudade em pancadas
setas geladas
no peito ao dorso.
Aos poucos,
nas breves estiagens,
tento despetalar-te de mim
a flor que és.
Na próxima terça-feira, novamente no B7C
as terras encharcadas
onde cultivo tuas ausências.
Seguem-me sombrias nuvens
chove saudade em pancadas
setas geladas
no peito ao dorso.
Aos poucos,
nas breves estiagens,
tento despetalar-te de mim
a flor que és.
Na próxima terça-feira, novamente no B7C
terça-feira, outubro 06, 2009
quarta-feira, setembro 30, 2009
haicai
lilases das flores
atapetando passagens
chuvas de setembro
Eu semana que vem no Blog de 7 cabeças a convite da Sandra querida. Ai que medo!
atapetando passagens
chuvas de setembro
Eu semana que vem no Blog de 7 cabeças a convite da Sandra querida. Ai que medo!
domingo, setembro 20, 2009
Mundo ideal
Quero viver em um mundo em que a ordem seja a loucura.
Em que um abraço seja o bom-dia ao porteiro
e um beijo, o ingresso do cinema.
Em que sejam estranhos os que andem calçados
e punidos os que não contem estrelas
só por contar.
Em que o mais importante ofício
seja procurar semelhanças entre pipocas e nuvens.
Quero viver em um mundo em que a ordem seja a loucura.
Em que se tome sorvete de sopa de lentilhas no inverno
e que ardam fogueiras em qualquer estação.
Em que se usem binóculos para matar a saudade dos que estiverem ao lado
e pinças para colecionar as pintas e as rugas do amor.
Em que toda segunda-feira chuvosa seja o dia oficial
de se deitar de bruços no gramado e conversar com as formigas.
Quero viver em um mundo em que a ordem seja a loucura.
Em que homens virtuosos sejam os ébrios e os nus
e vivam sempre de cara limpa os imorais.
Em que sejam internados os incapazes de escutar conselhos
de espelhos e paredes.
Em que seja normal
quem acenda um poema na madrugada
para ler partículas de luz em uma face.
Em que um abraço seja o bom-dia ao porteiro
e um beijo, o ingresso do cinema.
Em que sejam estranhos os que andem calçados
e punidos os que não contem estrelas
só por contar.
Em que o mais importante ofício
seja procurar semelhanças entre pipocas e nuvens.
Quero viver em um mundo em que a ordem seja a loucura.
Em que se tome sorvete de sopa de lentilhas no inverno
e que ardam fogueiras em qualquer estação.
Em que se usem binóculos para matar a saudade dos que estiverem ao lado
e pinças para colecionar as pintas e as rugas do amor.
Em que toda segunda-feira chuvosa seja o dia oficial
de se deitar de bruços no gramado e conversar com as formigas.
Quero viver em um mundo em que a ordem seja a loucura.
Em que homens virtuosos sejam os ébrios e os nus
e vivam sempre de cara limpa os imorais.
Em que sejam internados os incapazes de escutar conselhos
de espelhos e paredes.
Em que seja normal
quem acenda um poema na madrugada
para ler partículas de luz em uma face.
terça-feira, setembro 08, 2009
quarta-feira, setembro 02, 2009
Adorno
Passou distraído, tropeçou na flor, eu vi.
A coitadinha pendeu, mas voltou,
manteve-se no seu papel de enfeitar.
Passou de novo muito, muito concentrado em si.
Pisou, quebrou, uma pétala caiu, chorou.
Corri, cuidei, ergui.
Chamaram-no meus dedos cheios de formigas.
Dei-lhe minha flor cansada, doída,
que insistia no seu papel de enfeitar.
Enfeitou-lhe o rosto, fê-lo sorrir.
A coitadinha pendeu, mas voltou,
manteve-se no seu papel de enfeitar.
Passou de novo muito, muito concentrado em si.
Pisou, quebrou, uma pétala caiu, chorou.
Corri, cuidei, ergui.
Chamaram-no meus dedos cheios de formigas.
Dei-lhe minha flor cansada, doída,
que insistia no seu papel de enfeitar.
Enfeitou-lhe o rosto, fê-lo sorrir.
sábado, agosto 29, 2009
Fonte
Palavras são poucas,
são pequenas,
não comportam tudo
o que tem dentro da gente.
Por isso minha voz se cala,
embora reclamem que eu fale,
embora reclamem se não falo.
Mas apesar da água humilde, escrevo.
E quando escrevo
uso esta fonte mesmo:
Times.
Porque Hipocrene é dos poetas,
não me meto a beber por lá.
E mesmo para os poetas,
perdoem o atrevimento,
creio finita a abundância.
Morreremos de sede, ainda,
porque, eu sei, a fonte um dia seca.
Bebamos desse raso, pois.
Times.
Porque sei que um dia isso tudo acaba,
esse tudo pouco.
Essa escassez de símbolos.
são pequenas,
não comportam tudo
o que tem dentro da gente.
Por isso minha voz se cala,
embora reclamem que eu fale,
embora reclamem se não falo.
Mas apesar da água humilde, escrevo.
E quando escrevo
uso esta fonte mesmo:
Times.
Porque Hipocrene é dos poetas,
não me meto a beber por lá.
E mesmo para os poetas,
perdoem o atrevimento,
creio finita a abundância.
Morreremos de sede, ainda,
porque, eu sei, a fonte um dia seca.
Bebamos desse raso, pois.
Times.
Porque sei que um dia isso tudo acaba,
esse tudo pouco.
Essa escassez de símbolos.
segunda-feira, agosto 24, 2009
Menina
A infância adormeceu no colo da mulher,
nos braços da menina que se deitou
no topo do morro de terra vermelha
ao lado de sua boneca preferida de roupinha rasgada.
O coraçãozinho cresceu, agora cabe tanta coisa
onde só cabia pureza, onde o palpitar acelerado
significava cansaço de brincar de pega-pega.
Agora cabe tanta coisa, tanta coisa que não é brincadeira.
Os olhinhos que brilhavam curiosos e choravam quando o corpo
doía de cair de bicicleta, brilham pouco menos e choram mais,
mas de outras dores.
O frio da maturidade chegou tão de repente pedindo uma sopa.
Há pedacinhos de infância escondidos na sopa, ela descobre.
E de vez em quando, cuidando de não estragar o batom,
ainda tira da língua algum fiapo das pelúcias dos ursinhos.
E de vez em quando, sozinha e descalça,
percebe-se fazendo trancinhas no cabelo da boneca.
nos braços da menina que se deitou
no topo do morro de terra vermelha
ao lado de sua boneca preferida de roupinha rasgada.
O coraçãozinho cresceu, agora cabe tanta coisa
onde só cabia pureza, onde o palpitar acelerado
significava cansaço de brincar de pega-pega.
Agora cabe tanta coisa, tanta coisa que não é brincadeira.
Os olhinhos que brilhavam curiosos e choravam quando o corpo
doía de cair de bicicleta, brilham pouco menos e choram mais,
mas de outras dores.
O frio da maturidade chegou tão de repente pedindo uma sopa.
Há pedacinhos de infância escondidos na sopa, ela descobre.
E de vez em quando, cuidando de não estragar o batom,
ainda tira da língua algum fiapo das pelúcias dos ursinhos.
E de vez em quando, sozinha e descalça,
percebe-se fazendo trancinhas no cabelo da boneca.
quinta-feira, agosto 20, 2009
Presente
Fui ter com o futuro debaixo de uma lona.
Enquanto uma boca vermelha e uns dentes
dourados proferiam previsões que eu não ouvia,
sentia um cheiro de chocolate,
um cacau de ar, despertador desta saudade.
Saí derrubando cadeira numa pressa.
Caloteei o que não viria.
Um caminho muito conhecido passa
por mim rapidinho de trás para frente.
Continuo correndo, o peito chiando vontades,
tentando alcançar meu hoje, embora eu saiba
que já fizeste as malas.
Enquanto uma boca vermelha e uns dentes
dourados proferiam previsões que eu não ouvia,
sentia um cheiro de chocolate,
um cacau de ar, despertador desta saudade.
Saí derrubando cadeira numa pressa.
Caloteei o que não viria.
Um caminho muito conhecido passa
por mim rapidinho de trás para frente.
Continuo correndo, o peito chiando vontades,
tentando alcançar meu hoje, embora eu saiba
que já fizeste as malas.
domingo, agosto 16, 2009
bravo medo
Disparate de miedo - Francisco de Goya
Eu me rio de quem reza
desses que não agem
porque têm, da morte, esse pavor
Ora, deixem de bobagem,
ora, façam-me o favor!
Não sabem que é temer!
Medo que se preza
não é o da passagem
que não tem muito valor
Medo de coragem
é o tal medo do amor
é este medo de viver
quarta-feira, agosto 12, 2009
A gripe A
Dá tanto murro
no peito o nariz apontado
pro alto o homem cheio
de orgulho de si
de ser superior
Nesta hora anda pequeno
olhando pro chão da sala
de estar sozinho esmurra a ponta
da faca cobre o nariz
com paninho pra não tropeçar
no invisível temendo cair
derrubado por um vírus.
no peito o nariz apontado
pro alto o homem cheio
de orgulho de si
de ser superior
Nesta hora anda pequeno
olhando pro chão da sala
de estar sozinho esmurra a ponta
da faca cobre o nariz
com paninho pra não tropeçar
no invisível temendo cair
derrubado por um vírus.
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