Viver é uma tarde de olhos perdidos no cinza-azulado profundo do rio,
a umedecer as retinas com sua face, tão própria, texturizada por ventinhos
e vespertinos raios de sol.
Viver é uma tarde
a passear as narinas pelos aromas de verduras tão diversificadas,
a doar pensamentos aos sonhos deixados no frescor do gramado.
Viver é passar uma tarde inteira
a pensar a mesma tarde em um poema,
enquanto se decifra o que já foi escrito nas pétalas de uma flor bela.
Viver é uma tarde de estar,
vazia de desejos e ansiedades.
É uma tarde cheia de irrealidades...
...antes de se anoitecer
apenas
uma tarde.
Idealizado em uma tarde a contemplar o Tejo e a ler um conto de Florbela Espanca.
"Assim façamos nossa vida um dia/ Inscientes, Lídia, voluntariamente/ Que há noite antes e após/ O pouco que duramos" - Ricardo Reis (Odes)